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Exclusivo: Chacina de Passo das Antas terá novos capítulos depois de 10 anos

Xavantina – Um dos crimes mais violentos da história do Alto Uruguai Catarinense poderá ter desdobramentos a partir dos próximos meses no Tribunal de Justiça de Santa Catarina. A chacina de Passo das Antas, interior de Xavantina, volta a ser discutida junto ao judiciário depois de praticamente 10 anos da condenação de quatro envolvidos, conforme a informação levantada nessa quarta-feira, dia 13, pelo jornalismo da Atual FM
Os irmãos Miguel e Flávio Babicz e Anderson Babicz, sobrinho de ambos, foram considerados culpados pelo assassinato dos agricultores Everaldo Perondi, 31 anos, Cleide Perondi, 24, e Sérgio Dreon, 37. O trio foi condenado ao cumprimento de 25 anos e oito meses de prisão pela chacina ocorrida na madrugada de 21 de setembro de 2003.
Na sentença o juiz da comarca de Seara absolveu Vitório Babicz, que também foi denunciado, porém não estaria na região no dia do crime. Após um recurso ingressado pelo Ministério Público o Tribunal de Justiça do Estado reformou a sentença de primeira instância e também condenou Vitório a mais de 25 anos de cadeia pelo crime no interior de Xavantina.
Nessa semana o advogado de Chapécó, Juares Colpani, ingressou com um pedido de revisão criminal junto ao TJSC. Ele quer que os desembargadores analisem o caso novamente. O advogado alega que Vitório Babicz é inocente e não participou do assalto seguido de três mortes por volta das 3h da madrugada. Inclusive, ele estaria fora de Santa Catarina.

“Na época o juiz absolveu por entender que não tinha provas contra Vitório. Nos causa estranheza dentro desse processo que algumas pessoas citadas como suspeitas não foram nem ouvidas pelas autoridades policiais e judiciárias na época. Houve algo errado, algo estranho e nebuloso no que diz respeito a decisão no TJSC. O ideal é que se absolva aquele que não se tem prova da participação criminosa”, relatou ao jornalismo da Atual FM.

Everaldo foi morto com um tiro na nuca, sem chances de reação. Cleide, baleada pelas costas, foi chutada depois de morta. Sérgio acabou executado com dois tiros na cabeça porque fez um movimento brusco.
RELEMBRE: Comunidade traumatizada
Zulmira Dreon não esquece o que ocorreu na madrugada de 21 de setembro de 2003, no centro comunitário de Passo das Antas. Ela era integrante do clube de mães que organizou a festa que terminou em tragédia. “Depois que o baile terminou, estávamos conversando na cozinha. O Everaldo e Cleide se despediram duas vezes antes de sair. Em seguida, ouvi um tiro e o terror começou”, conta Zulmira. Ela ficou deitada no chão, próxima aos filhos de 10 e cinco anos, durante os pouco mais de 15 minutos em que os assaltantes mantiveram 18 pessoas sob a mira de revólveres e escopetas.
De acordo com a Polícia Civil de Seara, os quatro encapuzados iniciaram o assalto às 3 horas da manhã, pouco depois da viatura com dois policiais militares de Xavantina ter ido embora. Everaldo Perondi saiu do centro comunitário de Passo das Antas carregando uma caixa e foi em direção ao carro, uma Pampa. Antes de entrar no automóvel, foi morto com um tiro na nuca pelos assaltantes. Na caixa estavam as fichas de bebidas não vendidas durante o baile. A suspeita é de que os assaltantes pensaram que na caixa estivesse o dinheiro da festa.
A mulher de Everaldo, Cleide, saiu correndo para dentro do centro comunitário e foi atingida nas costas quando chegava próxima ao balcão. “Não saiu sangue dela. Pensamos que ela tivesse desmaiado”, revela Zulmira. Os assaltantes pediram pelo dinheiro da festa, que rendeu cerca de R$ 5 mil, mas só encontraram no salão R$ 150,00. A renda da festa havia sido levada pelo tesoureiro cinco minutos antes da chegada do grupo.
Os assaltantes obrigaram todas as pessoas que estavam dentro do centro comunitário a deitarem no chão. Somente Valdecir Machado, dono de uma farmácia em Xavantina, não obedeceu a ordem. Um dos encapuzados se aproximou e encostou o cano do revólver na cabeça do empresário. Tochetto deu um tapa na arma e disse: “Tire essa coisa que não é brinquedo”. O assaltante pegou a chave pendurada na cinta de Tochetto e o carro do empresário também foi utilizado na fuga.
O que aconteceu em seguida possui duas versões. A oficial dá conta de que Sérgio Dreon, que estava agachado atrás do balcão de bebidas, a seis metros do assaltante, ergueu-se e disse para o farmacêutico não reagir. Os assaltantes se assustaram com o gesto brusco de Dreon e abriram fogo. Dois tiros acertaram a cabeça do agricultor, que morreu na hora. Já a mulher de Dreon garante que Machado foi atrás do último assaltante quando o grupo saía do centro comunitário, que tentou acertar o empresário e, por acidente, atingiu o agricultor, que havia se levantado de trás do balcão.
Valdecir Machado não quer mais falar sobre a chacina. Para a família Dreon, ele pode ter reconhecido algum dos assaltantes e mostra incômodo sempre que é questionado sobre o assunto. Existe a suspeita de que pelo menos um dos integrantes do grupo seja morador ou já residiu em Xavantina. “Eles conseguiram fugir por estradas de chão, à noite. Eu, que moro aqui há 25 anos, não saberia como escapar para outro município sem passar pelo asfalto”, diz Geraldo Perondi.
Informações Alex Pacheco/Atual FM

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