É possível viver o impossível” – este é o recado que Marcus Menna pretende passar ao público nesta nova fase de sua vida. Após investidas esporádicas em voltar aos palcos, o ex-vocalista da banda LS Jack retoma a sua rotina de shows 13 anos após sofrer uma parada cardiorrespiratória em decorrência de complicações de uma lipoaspiração. O incidente deixou o cantor com sérias sequelas neurológicas, que poderiam fazer muita gente não acreditar que um dia estaria de volta à música.
“Eu fiquei sem minha memória, principalmente a recente. Como não lembrava do ontem, todos os dias eram, literalmente, um recomeço”, fala Marcus Menna.
Com a memória recente recuperada há apenas quatro meses, Marcus lembra dos momentos mais difíceis que passou desde 2004:
“Era pensar e não conseguir agir. Me sentir preso ao meu corpo, às minhas limitações motoras, aos meus pensamentos que não conseguiam chegar a nenhum ponto por causa da lesão cerebral”, conta o músico.
Celebrando a nova fase com o que mais gosta de fazer, o cantor lançou um novo projeto: ‘Marcus Menna e Os Cinco Sentidos’. Os músicos Kauan Calazans, Sérgio Sessim, Júnior Macedo, Rafael Lima e Paulo Victor completam o time.
“Essa brincadeira com o nome da banda mostra que este é o momento que eu me reconecto com o universo do palco, cantando as minhas canções através desses cinco músicos que passam a fazer parte de mim e me dão a possibilidade de me expressar de novo”, explica.
Empolgado com as novas conquistas, ele conta que um dos maiores desafios foi conseguir lembrar as letras das músicas:
“Foi uma luta. Quando a parte cognitiva é afetada, você pode lembrar hoje e amanhã não. Não depende só de treino, e sim da reconstrução neurológica. Tudo está na minha cabeça, mas precisa ser estimulado. Eu não preciso estudar para relembrar, preciso reconstruir o caminho”.
Em uma via de mão dupla, ao mesmo tempo que voltou a fazer o que ama, a música também é um potente motor em sua reabilitação.
“Quem assiste aos meus shows vê a evolução acontecendo. Vou ligando melhor as minhas funções cognitivas a cada apresentação. Fico impressionado com o poder de recuperação do nosso cérebro. Estou me reencontrando”, fala.
Ao olhar para o passado, Marcus vê o lado positivo de tudo o que passou:
“Acredito que, quando as coisas têm que dar certo, até o que atrapalha, ajuda! Como fiquei sem minha memória recente, eu recomeçava sem referência negativa, não lembrava do que não tinha conseguido no dia anterior. Enfim, sem referência de fracasso”, finaliza.