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Ipumirinense pós-doutorado na USP ganha destaque internacional com estudo que mostra a grave situação da mata atlântica

Concórdia – O ipumirinense Juliano André Bogoni, pós-doutorado na USP – Universidade de São Paulo – ganhou destaque mundial nesta semana após ter publicado em vários países um estudo que retrata a grave situação que passa a mata atlântica no brasil que pode ter perdido 71% da fauna de mamíferos que viva nesta área.
O estudo também teve a participação do biólogo Carlos Peres, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, que um dos autores do trabalho. 
Além de ter despertando o interesse dos principais veículos de comunicação do Brasil, o estudo está sendo divulgado na Austrália, Alemanha, Inglaterra, Reino Unido, Londres, Irlanda e nos Estados Unidos. 
Reportagem feita pelo O Globo: 
A Mata Atlântica sofreu a maior erosão de biodiversidade de mamíferos que se tem registro no Brasil, revela um novo estudo. Hoje, as áreas mais conservadas do bioma abrigam menos de 30% dos mamíferos que existiam aqui há 500 anos, quando da chegada dos portugueses. Onças, antas, veados, tudo o que era grande, hoje é quase passado. No caso das onças – pintada e parda – a redução foi de 79%.
Os cientistas chamam o fenômeno de defaunação. Significa o que nome sugere, a retirada da fauna. Séculos de caça implacável – mesmo proibida, ela continua sem controle – e perda de habitat levaram os mais majestosos animais da Mata Atlântica a se tornarem “sombras do passado”.
Outrora donos da floresta, esses animais vivem aprisionados na mata que lhes restou, áreas “cercadas por vórtices de extinção ascendente”, diz o estudo. Trabalhos anteriores de outros grupos já haviam mostrado que a Mata Atlântica não tem qualquer área mais distante do que cerca de 12 quilômetros de áreas de ocupação humana. À sua volta, áreas desmatadas, totalmente modificadas pelo homem, destaca o estudo publicado na revista científica internacional “Plos ONE”, por pesquisadores das universidades de São Paulo, Federal de Santa Catarina e de East Anglia, no Reino Unido.

– O moderno colapso da fauna de mamíferos da Mata Atlântica é inédito na História e na pré-história. A perda média das populações de mamíferos é de 71% – destaca o principal autor do estudo, Juliano Bogoni, atualmente na USP e na Universidade de East Anglia.
Reduzida a cerca de 12% de seu território original, a Mata Atlântica sofre hoje extinções locais. Estas, porém, têm impacto em todo o bioma. Os mais vulneráveis são os chamados predadores de topo de cadeia, as onças pintada e parda. Esses animais precisam de amplos territórios de caça e são eles próprios caçados. Porém, quando se extinguem localmente toda a cadeia é desequilibrada. A onça desaparece e todo o sistema abaixo dela entra em pane, com proliferação de algumas espécies a níveis descontrolados.
– As pessoas não costumam se dar conta disso, mas na natureza tudo está interligado. O desaparecimento de onças pode levar, no fim das contas, ao aumento do risco de doenças transmissíveis para o ser humano – explica Bogoni.
Ele, o pesquisador Carlos Peres e colegas analisaram inventários de fauna de mais de 500 áreas da Mata Atlântica, realizados de 1980 a 2017. Foram analisados dados de 41 espécies de mamíferos, como onças e todos os gatos selvagens brasileiros, veados, anta, tamanduás-bandeira e lobo-guará.

As áreas que mais perderam mamíferos de médio e grande porte são o Nordeste e o Leste da Mata Atlântica, notadamente os estados do Nordeste brasileiro. Neles, a perda de mamíferos chega a 85%.
O que salvou os mamíferos foram as montanhas, em especial a Serra do Mar, no Sudeste, por sua dimensão e declividade. Acuados pelo ser humano, os animais fugiram para as montanhas em sentido literal. Íngremes e de difícil acesso, a Serra do Mar se tornou o último refúgio da fauna.
– Ela se tornou um tesouro a ser preservado. É o único lugar onde ainda se pode encontrar esses animais com alguma segurança – observa Bogoni.
Ele frisa que a solução para a crise de extinção é conhecida há anos e passa por fiscalização, controle de desmatamento e combate da caça:
– O que salvará a Mata Atlântica são política pública de conservação e vontade política. (Fonte: O Globo) 

 

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