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A carne é fraca, a repercussão pode ter sido exagerada, mas a lição tem que ser dura

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Tudo depõe contra o Brasil. Por mais que o governo e os frigoríficos tentem se explicar, a imagem que repercute lá fora é a de que aqui nada é sério. E não é mesmo. Há quantas décadas nosso sistema político já está apodrecido, falido, desacreditado? E por mais que haja investigações em curso, a corrupção parece generalizada, corrempendo todos os setores da sociedade, inclusive os que pareciam mais sérios, como o que inclui a indústria da alimentação.
Há quem diga que tudo não passa de uma armação, de interesses em jogo que tentam desmoralizar o que o Brasil tem de melhor, num momento em que nossa economia começa a apresentar sinais de recuperação, puxada, entre outros fatores, pela exportação de alimentos, sobretudo as carnes.
Comungo da ideia de muitos de que há exagero nas afirmações e conversas grampeadas sendo distorcidas, dando a impressão de que o bicho é bem maior do que realmente é. Por outro lado, pelo teor do que foi apurado e está vindo à tona, os problemas são evidentes. A indústria de carnes, assim como já ocorreu com o queijo, o leite e tantas outras mercadorias que consumimos todos os dias, pisou feio na bola. E tudo em nome do lucro e da ganância desmedida.
A prática, por exemplo, de se utilizar ácido e lavar carnes em processo de decomposição, com o intuito de reaproveitá-las, já é comum em muitos mercados do Brasil. No Rio Grande do Sul, recentemente, a polícia interveio em vários estabelecimentos há muito tempo suspeitos e investigados, recolhendo toneladas de carne desaconselhável para o consumo. O que ninguém imaginava, porém, é que a própria indústria também estivesse recorrendo a esse tipo de prática, mesmo sabendo dos riscos à saúde pública.
Os frigoríficos certamente reduziram perdas significativas e lucraram muito com a ilicitude. Muito provavelmente, porém, sabiam dos riscos que estavam correndo e que isso, em determinado momento, pudesse macular parte de sua imagem. O que não esperavam, entretanto, é que o escândalo fosse tamanho a ponto de repercutir internacionalmente e afetar as exportações.
Não hesito em afirmar que, para o mercado externo, a carne que sai do Brasil atende ao mais rigoroso controle de qualidade. Os europeus e asiáticos não precisam se preocupar. Para eles, exportamos o que há de melhor, sem nenhum risco à saúde. Os donos das corporações sabem bem onde pisam. O problema está mesmo é aqui dentro, no mercado interno, onde a corrupção sistêmica contamina todas as instâncias, envolvendo sempre legendas partidárias e políticos inescrupolosos e se infiltrando nas entranhas do governo, corrompendo aqueles que tem o dever de fiscalizar e zelar pelo povo que os elegeu.
Por isso mesmo, por mais que haja exagero nas investigações e repercussão desmedida do escândalo, a ponto, inclusive, de afetar a balança comercial do Brasil, a Polícia Federal faz um excelente trabalho e merece todo o apoio e aplauso da nação. Os frigoríficos envolvidos nesse fato deplorável têm que pagar alto (e isso já está custando a derrocada das ações) por tamanha leviandade e atitude tão inescrupulosa. Mesmo que as irregularidades praticadas tenham sido pontuais e atingido apenas o mercado interno, a lição tem que ser dura e inesquecível. A saúde é o bem mais valioso do cidadão, e não é justo que este pague na carne o preço da irresponsabilidade e o custo imensurável da ambição.

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