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Por que a reforma da Previdência não será aprovada do jeito que o governo quer

reforma da previdência 1Tenho convicção. A reforma da Previdência não será aprovada. Pelo menos, não do jeito que o governo quer. E a grande razão disso é que a reforma é altamente discriminatória. Penaliza demais a grande maioria, que é a efetiva classe trabalhadora, no jargão popular, o povão, enquanto livra a cara de outros, sobretudo os já sempre favorecidos pelas benesses politiqueiras do Planalto Central.
Não faz sentido, pelo menos do ponto de vista da justiça – não a das leis, mas a da igualdade humana -, resguardar direitos – e privilégios – de classes mais abastadas, como a do Legislativo, Judiciário e dos militares, enquanto o simples trabalhador paga a conta do déficit previdenciário. Não faz sentido também retalhar a reforma de modo a cortar conquistas dos servidores federais sem que se adotem os mesmos critérios em nível estadual e municipal, jogando para os estados e municípios um problema que está se tornando insolúvel. E tudo numa manobra desavergonhada para assegurar a aprovação de uma reforma capenga e injusta.
Erra o governo na sua voracidade de querer corrigir erros históricos numa só tacada, penalizando o lado mais vulnerável do cordão social. O que de fato falta na proposta de reforma é sim o princípio fundamental da equidade, ou seja, de regras iguais para todos. Não adianta o governo tentar mascarar as manobras com publicidade e discursos falaciosos, dizendo que a reforma é para todos, quando não é, que direitos estão sendo preservados quando não estão.
Ora, quem mais apoia as reformas hoje são os que dela saem beneficiados, ou seja, os que já conquistaram altas aposentadorias e querem mantê-las a todo custos, temendo o colapso da Previdência. O direito adquirido desses é o mesmo do trabalhador que, por exemplo, começou a contribuir há vinte, dez ou cinco anos, acreditando numa Previdência que, um dia, pudesse lhe garantir uma velhice estável. Por que estes têm que ter seu direito adquirido ceifado enquanto os demais seguem se beneficiando? O que é direito adquirido, afinal? Mudar as regras no meio do jogo não me parece uma medida justa.
O grande problema do governo Temer é a sua falta de legitimidade para propor uma reforma plausível e passível de compreensão popular. Em sua tentativa desesperada de aprovar qualquer medida, tem que recorrer a manobras e artimanhas e não à negociação e entendimento com todos os setores da sociedade. Fosse um governo isento e com um passado limpo, estaria propondo sim uma reforma mais amena mas igual para todos, e com os mesmos efeitos no caixa do governo. Mas não. Sem crédito para isso, não restou alternativa senão recorrer às negociatas e manutenção de privilégios que possam lhe garantir os votos necessários à aprovação do monstrengo.
Mesmo assim, com todas as barganhas, parece que o Congresso não está comprando a ideia. Dos 308 votos necessários à aprovação da reforma, o governo, até agora, tem menos de 100 favoráveis a ela e, ainda assim, com muitas ressalvas. Será muito difícil, portanto, convencer os demais deputados a votarem de acordo com a vontade da presidência. Não obstante, cabe aos setores da sociedade ficarem atentos e pressionar os parlamentares de seus municípios e estados para trabalharem numa proposta que realmente faça sentido, ao trabalhador e ao equilíbrio das contas públicas. Todos sabem muito bem como a classe política costuma agir, suscetível a negociatas e manobras que ferem todos os princípios da ética e da moralidade. Só a pressão popular é capaz, portanto, de meter medo nos parlamentares. E eles estão com medo. Sabem que o monstro é grande, feio e cruel. E que a revolta popular é iminente.

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