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Motorista de caminhão fala sobre acidente no Rio Irani e afirma que defeito mecânico fez ele perder controle do veículo

Ponte Serrada – O trajeto era frequente. A companhia também. Semanalmente, o motorista Gelson Anselmi e o patrão Domingos Santo Santin viajavam a Fraiburgo (SC) para entregar guias táticas utilizadas na construção de calçadas.
Treze toneladas do material fabricado pela empresa de Domingos, em Ponte Serrada, estavam no caminhão que caiu da ponte sobre o Rio Irani no início da manhã de segunda-feira, dia 9, na BR-282 em Ponte Serrada.
Gelson conseguiu se salvar. O chefe e amigo não teve a mesma sorte. O corpo de Domingos foi retirado da água cerca de duas horas depois do acidente. O velório ocorreu em Ponte Serrada.
A tragédia deixou o município em luto. Domingos foi vereador por um mandato e vice-prefeito por três vezes. Milhares de pessoas passaram pelo velório até esta terça-feira, dia 10. O corpo foi sepultado na parte da manhã.
O caminhoneiro recebeu alta do hospital no final da tarde de segunda-feira. Horas antes do sepultamento do amigo, nesta terça, ele foi ao velório. Já à tarde, onde se recupera do acidente, recebeu o Oeste Mais para uma entrevista exclusiva. O motorista sente dores no corpo e está de atestado por uma semana.
Gelson e o chefe iam uma vez por semana a Fraiburgo, viajando sempre em clima descontraído, conversando sobre a vida e a empresa. “Ele sempre gostou de ir junto. Não queria saber aonde fosse. Dizia que se distraía viajando”. O motorista lembra que o patrão inclusive ajudava a carregar e descarregar o caminhão. “Gostava muito de trabalhar. Gostava de ‘bater’ a carga”.
“Fiquei sem volante”
Minutos antes da tragédia, Gelson recorda que ele e Domingos conversavam, não havia neblina e quase nada de movimento. A poucos metros da ponte, conta que perdeu a direção. O volante ficou totalmente sem comando, girava, mas não respondia. “Quando o caminhão direcionou para o barranco, já estava em cima da ponte. Eu só gritei para ele: ‘se segure, Domingos, que eu fiquei sem volante’. Ele só gritou ‘oh, meu Deus’. Dali em diante, deu um segundo, nós sofremos essa tragédia. Não tem palavras para explicar”.
“Não dá tempo de tu pensar em nada. Você só tenta se segurar, tenta frear, tenta girar para o outro lado, mas é no impulso, não é que tu age pensando, é só no impulso, porque você só tem um segundo”, afirma o motorista.
Ele foi lançado na água antes da queda do caminhão. “Quando o caminhão inclinou, eu fui lançado para fora”, relata, sem saber se pelo para-brisa ou o vidro da porta. “Quando eu caí na água, o caminhão caiu um palmo longe de mim. Eu caí antes do caminhão. Por um palmo, o caminhão não caiu em cima de mim”, revela.
“Engoli água”
Gelson lembra que chegou a ir para o fundo, engoliu água, e acredita que a própria onda gerada pelo impacto do caminhão no rio ajudou a tomar impulso para nadar até a margem. “Aquela própria onda da água acho que me empurrou para o lado. Eu consegui subir submerso e nadar até a margem, chamando pelo nome dele [Domingos], gritando. Eu chamava, gritava. Me arrastei barranco acima e caí na BR”.
Um caminhoneiro que passava pelo local no momento do acidente parou e socorreu Gelson. Logo outros motoristas começaram a parar e também prestar socorro. O próprio caminhoneiro colocou Gelson no caminhão para levá-lo ao hospital de Ponte Serrada, de onde uma ambulância do Samu o encaminhou para Xanxerê.
“Na hora eu pensei que tinha fraturado a costela. Não deu fratura, mas o pulmão está bem atingido. Ela [costela] não fraturou, mas machucou o pulmão. Tive que fazer exames e agora vou ficar em avaliação”, diz ele, que trabalha há mais de 30 anos como motorista e nunca tinha sofrido um acidente. Gelson já estava há dez anos na empresa de Domingos. “Perdi um colega aí que… Nossa senhora. Era bom de trabalhar com ele”, lamenta.
Caminhão fabricado em 1989
O caminhão, um Volkswagen 16220, fabricado em 1989, era da empresa de Domingos e só Gelson dirigia o veículo. “Estava sempre em dia, revisado”, garante, sem saber ao certo o que houve. “Eu não posso dizer que foi um pivô, que foi o braço da direção, eu não posso dizer que foi o setor. Agora nós vamos avaliar. Tem que ir lá com um perito, um mecânico, para avaliar o que aconteceu”. (Por Oeste Mais)

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