Motorista é indiciado por duplo homicídio em inquérito de acidente com duas mortes em Ponte Serrada

Ponte Serrada – Polícia Civil de Ponte Serrada concluiu as investigações sobre o acidente que provocou a morte de duas pessoas na madrugada do dia 17 de maio na BR-282, indiciando o motorista acusado de provocar a tragédia por duplo homicídio com dolo eventual — quando se assume o risco de matar. O delegado Vinícius Benedet Brandão encaminha nesta sexta-feira, dia 13, o inquérito para o Fórum de Ponte Serrada.
De acordo com as investigações, o motorista do Volkswagen Jetta, um homem de 35 anos, havia saído recentemente de uma boate e seguia em direção ao trevo principal da cidade quando atingiu o Fiat Uno, que cruzava a rodovia em um trevo secundário.
Gabriel Tormen, de 19 anos, conduzia o Uno. Ele foi projetado do veículo e parou a cerca de 100 metros do automóvel, morrendo na hora. Com a violência do impacto, o motor do carro saltou por 100 metros e bateu em um poste, quebrando a estrutura. Além de Gabriel, Fábio Garbozza, de 30 anos, passageiro do Jetta, morreu no acidente.
Alta velocidade
Para o delegado, a alta velocidade foi determinante para a tragédia. “Também identificamos que o suspeito teria comparecido a um jantar, onde teria ingerido bebida alcoólica”, acrescentou Vinicius. “Esses dois fatores contribuíram para a colisão: a alta velocidade e a ingestão de bebida alcóolica”, reforçou.
Foi por esses motivos que ele decidiu indiciar o homem pelo crime de homicídio com dolo eventual. “Identificamos testemunhas que comprovaram a condição [de embriaguez] do motorista do Jetta”. Vinicius ainda indiciou o condutor por omissão de socorro e se evadir do local para evitar uma eventual prisão em flagrante.
“O condutor assumiu o risco de produzir o resultado, ou seja, assumiu o risco de produzir a morte, pela velocidade empregada e ingestão de bebida alcoólica”.
Racha e velocímetro a 185 km/h
De acordo com os levantamentos feitos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e entregues à Polícia Civil para embasar o inquérito, o velocímetro do Jetta travou a 185 km/h.
Ainda por meio de testemunhas, o delegado disse ter ficado comprovado que o motorista chegou a convidar uma pessoa para um racha na rodovia, mas essa pessoa não teria aceitado a proposta.
“O que nós temos é isso. Mas não sabemos se minutos antes da colisão ele [motorista] teria tirado um racha e isso também teria influenciado no acidente. A princípio, não. Pela nossa investigação, não”, disse Vinicius.
Fuga do local
“Uma testemunha confirmou ter auxiliado o motorista a sair pelo teto-solar do Jetta”, informou ainda o delegado. Segundo ele, a mesma testemunha foi tentar ajudar as outras vítimas e o condutor desapareceu. “Presumindo isso, no meu indiciamento, ele se evadiu do local”, classificou.
Longa investigação
O delegado também justificou a demora para finalizar o inquérito, concluído após quase quatro meses da data do acidente. “A gente tinha os envolvidos na colisão, mas nós precisávamos apurar as circunstâncias”, explicou.
No curso das investigações, a Polícia Civil ouviu 15 testemunhas, juntou laudos, resultados de perícias e uma série de levantamentos e provas técnicas. “Foi uma investigação bem complexa”, classificou Vinicius.