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Separação após o nascimento do bebê

Após muitos planos, preparativos e expectativas, o bebê finalmente chega! O primeiro filho do casal traz uma imensidão de alegria e amor, em níveis nunca antes imaginados. No entanto, com a chegada do pequeno ou da pequena, não só a rotina do casal muda, mas também as próprias pessoas do casal enquanto indivíduos. Com as responsabilidades e os cuidados com o recém-nascido, o tempo fica curto, os sentimentos à flor da pele, o sono não tem vez… Dessa forma, é possível que haja o cansaço e o afastamento do casal, resultando algumas vezes na separação após nascimento do filho.
Separação após nascimento do filho é ruim?
Não existe uma fórmula mágica comum para todo mundo. Cada pessoa tem sua própria jornada, e é normal que os caminhos do casal se desencontrem em algum momento. Mas, de fato, a separação após nascimento do filho é uma espécie de tabu para algumas pessoas. Existe muito receio em torno desse tema, pois ele quebra o mítico conceito da “família perfeita”.
Vale sempre lembrar que existem muitos modelos de família, e todos eles podem ser funcionais e saudáveis para as crianças e os adultos. Contudo, fica o questionamento: Quais são os conflitos mais comuns dos casais com filhos recém-nascidos? E como a falta de diálogo, dedicação e paciência sobre esses temas podem acabar resultando em separação após nascimento do filho?

Puerpério
Puerpério é também conhecido como pós-parto. É um momento de muitos conflitos pois, além do nascimento, abarca também um período de luto. Luto por quem éramos, pelo que fazíamos, pelos sonhos antigos que ficaram para trás e terão de ser refeitos.
No parto, não é apenas um bebê que nasce. Ali, naquele momento, nasce também uma mãe, um pai e toda uma nova perspectiva de vida que terá que ser conciliada com a nova rotina. No puerpério, os hormônios de ambos estão à flor da pele, em conjunto com todas as outras situações, como a dificuldade para amamentar, a recuperação do parto, o curto período de licença-maternidade e paternidade e a indisposição.
Divisão de tarefas
Tarefas, antes simples, acabam se tornando dispendiosas e exaustivas, considerando que o recém-nascido carece de colo. Muitas vezes, acaba não sobrando tempo nem para um banho ou cuidados básicos consigo(a) mesmo(a).
Devido ao pouco conhecimento em geral de como é a maternidade real, cria-se a ilusão de que dedicar-se aos cuidados com os filhos é uma tarefa simples. Porém, na verdade, é algo que demanda muito tempo e esforço, principalmente, somados às demais tarefas do dia a dia. Quando não há a divisão exata das tarefas e a plena compreensão do quão complicado é desempenhar cada uma delas, é certo que haverá conflito.

Confronto de limites
O dia não dá trégua e as noites são mais curtas. Qualquer desatenção é bomba, toda inadimplência é um insulto. São as brechas que encontramos para extravasar a tensão que se acumula com a nova rotina, mas o problema é que são dois fazendo esse movimento, de ambos os lados. Os panos quentes quem coloca é a própria rotina.
Afastamento e esfriamento da relação
Diante de tantas novas obrigações, é certo que muitas coisas acabam sendo deixadas para trás ou passam despercebidas. Quase não há tempo para os olhos se encontrarem, pois estes estão voltados para o relógio. As mãos não se tocam, pois estão trocando fraldas. As bocas não se beijam, pois estão provando a temperatura do leite ou da comida. O abraço não chega, pois o cansaço é mais forte. O carinho pode esperar, pois o corpo não espera… E o resto é história. No pensamento, ideias começam a pipocar timidamente: Será que é muito ruim pedir separação após nascimento do filho?
Privação do sono e esgotamento físico
O nosso corpo assimila o escuro ao descanso. Os olhos pesam, a energia dá os sinais de que está chegando ao fim e que precisa se recompor. Mas com a noite, o bebê que antes dormia, entra em um estado incontrolável de desespero. A noite é silenciosa, escura, fria, não tem os mesmos ruídos do útero. É o clima perfeito para o surgimento de dores e medos e, por isso, eles choram.
Nosso corpo precisa aprender que o sono não tem mais espaço na rotina corrida. No lugar deste, vem os banhos noturnos, o “sh sh sh” que não cessa, a tentativa de descobrir a posição mais confortável para o bebê e as discussões por conta do cansaço.

Aprender a conciliar a vida pessoal com a nova vida
Somos sonhos cansados, mas não deixamos de ser. Em meio a tanta confusão, temos de reconstruir o lar e também a si próprio, mas as coisas estão sempre perdidas… O sonho da promoção estava dentro da gaveta, mas foi encontrado em cima da cortina. Aquela viagem do ano que vem sumiu no escuro embaixo da cama. A pós-graduação? Não sei, nunca mais vi…
Com isso, os sonhos menores, como o passeio de mãos dadas na praia, o beijo na virada do ano, o abraço em momentos de alegria, acabam sendo varridos para baixo do tapete e se perdem por lá.
Saudades da vida antiga
Os amigos se distanciam, junto com as asas do pássaro livre. Agora, só conseguimos sair do ninho se for para voltar com o alimento da cria. Qualquer outro desgaste excessivo é demais, faz falta. Nossos assuntos passam a não ser mais tão interessantes ou diversificados. Afinal, o futebol, a política e até mesmo o entretenimento são substituídos pela dúvida sobre qual carregador de bebê é melhor, desabafos sobre cotidiano ou reclamações do preço da fralda.
Na prática, o único confidente passa a ser o companheiro, que também carece de cuidados e de se sentir ouvido.
Aumento das dívidas
O dinheiro dos fins de semana é convertido para suprir as necessidades do pequeno ou da pequena. Isso é quase inconsciente. Não sentimos o impulso, pois ele é instantâneo. Nossas necessidades acabam se tornando menores quando comparadas à vontade de proporcionar a melhor base aos nossos filhos.
Necessidade de autoafirmação
Olhar-se no espelho e enxergar apenas uma aparência cansada. Sentimos o peso de todas as obrigações nos ombros. O corte de cabelo a desejar, a ruga que antes não estava lá, o sono que precisava se aliviar em algum lugar e achou conforto justo embaixo dos olhos.
A beleza deixa de fazer morada no espelho e a auto confiança cai.
É amor demasiado voltado para a família, enquanto nós, somos esquecidos por nós mesmos.
E quem se lembra?
O amor fica na memória, não dá tempo de lembrar. Então ele parte.
 
Fonte: Blog da Leiturinha

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